Publicado por: bulimundo | Junho 17, 2012

Sociedade de Indivíduos Normalizados …

 

O apagamento da personalidade acompanha as condições da existência concretamente submetida às normas espectaculares da sociedade de consumo, e também cada vez mais separada das possibilidades de conhecer experiências que sejam autênticas e, através delas, descobrir as suas preferências individuais.
O indivíduo, paradoxalmente, deverá negar-se permanentemente se pretende ser um pouco considerado nesta sociedade. Esta existência postula com efeito uma fidelidade sempre variável, uma série de adesões constantemente enganosas a produtos falaciosos. Trata-se de correr rapidamente atrás da inflacção dos sinais depreciados da vida.Em todas as espécies de assuntos desta sociedade, onde a distribuição dos bens está de tal maneira centralizada que se tornou proprietária, de uma forma simultaneamente notória e secreta, da própria definição do que poderá ser o bem, acontece atribuir-se a certas pessoas qualidades, ou conhecimentos ou, por vezes, mesmo vícios, perfeitamente imaginários, para explicar através de tais causas o desenvolvimento satisfatório de certas empresas; e isto com o único fim de esconder, ou pelo menos dissimular tanto quanto possível, a função de diversos acordos que decidem sobre tudo.

Guy Debord


Respostas

  1. Há também no mundo, de um modo geral, uma inclinação crescente para alargar indevidamente os poderes da sociedade sobre o indivíduo, tanto pela força de opinião, como até pela força da legislação: e como a tendência de todas as mudanças que ocorrem no mundo vai no sentido de fortalecer a sociedade, e diminuir o poder do indivíduo, este abuso não é um daqueles males que tendem a desaparecer espontaneamente, mas sim daqueles que tendem, pelo contrário, a tornar-se cada vez mais alarmantes. A vontade das pessoas, quer como governantes quer como concidadãos, de impor aos outros as suas próprias opiniões e inclinações como uma regra de conduta, é tão activamente apoiada por alguns dos melhores e alguns dos piores sentimentos inerentes à natureza humana, que muito raramente é mantida sob controlo por outra coisa que não a falta de poder; e como o poder não está a diminuir , mas sim a aumentar; então, a não ser que uma forte barreira de convicção moral possa erguer-se contra esse mal, é de esperar que, dadas as circunstâncias presentes do mundo, o vejamos intensificar-se.

    John Stuart Mill


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